May 01, 2016

Temos de acreditar (primeira parte)


Patrícia colocou o resto das coisas em sua bolsa. Era uma bolsa quase do tamanho dela, que foi do seu pai, na época em que ele serviu ao exército. Não havia selecionado nada de importante. Nada que fizesse falta a sua família. Alguns pães, um pedaço de queijo, bolachas, biscoitos, uma maçã. Havia também uma faca, gardanapos, mudas de roupa... Ela estava longe de estar preparada. Quaisquer viagens em que o que ficou para trás são pontes partidas, são sempre as mais longas de sua vida. E ela amava sua família. Mas não amava apenas ela.

Pietro estava ferido. Menos que o homem a seus pés. Ele sangrava e sussurava algo. Fora Pietro quem o matou e sabia bem disso. Não sentia que tivesse outra escolha. Soube que estava sendo seguido já por alguns quarteirões antes dali, e percebeu que teria de emboscar o homem.
- Comunista!
Era essa palavra que escapava da boca do morto, com o pouco de ar que conseguia raptar do pulmão perfurado.
Pietro não sabia o que a palavra queria dizer, mas se agachou junto ao homem e, num gesto de misericórdia, lhe ceifou o resto de vida com um beijo.
Juntou suas coisas e pegou a arma que o homem portava, correndo para o local de encontro que havia sido marcado dias atrás. Ele precisava sair da cidade antes da primeira luz do dia: os professores iriam soar o alarme se soubessem que não estava no alojamento e, se o que lhe falaram era verdade, a cidade inteira estaria em alerta.

Alcione fecha a porta atrás de si. A fumaça atinge seu rosto com o cheiro de lar. Sentia saudades. A música ainda não chega a essa parte do túnel, exceto por um tênue sussuro. Alcione navega na escuridão coberta de carne em que as pessoas disputam espaço com os escombros e com o mangue que invadiu o lugar. Mais fumaça e agora música. A escuridão só se desfacela pelo brilho das pulseiras e brincos que dão as pessoas que entram. Vermelho, laranja, amarelo verde, azul e púrpura, dardejam por entre as opressivas trevas. As bandas tocam no escuro, só elas com permissão de usar óculos de baixa-luminosidade. Alcione quase tropeça em dois corpos que se devoram no meio do salão, ávidos por um amor verdadeiro e descartável.

A gaiola de faraday se engancha em um arbusto e Patrícia sente o puxão doloroso na orelha e que segue, agudo, por dentro de sua pele, até a base do pescoço. Ela pega o celular, também envolto em uma rede de metal, e usa ele como espelho para desenlaçar a rede que enrolou em volta de seu brinco. Seu impulso é de tirar tudo ali mesmo, mas sabe que precisa de ajuda e que poderia morrer, ali, sozinha, no meio de uma mata de espinhos, em terra improdutiva. Está longe de ser o destino que deseja para si. Enquanto prossegue se libertando, escuta as gravações que fez nas noites anteriores, justamente para esses momentos de raiva e dúvida, esperando se acalmar ao som de sua voz. A sua própria voz lhe lembrando que ela não está sozinha.

O cheiro que lhe apertava o tronco era novo. Ele pensava assim: nada além de um doce perfume. Apanharam Pietro na hora marcada, mas não haviam imaginado que ele estivesse machucado. Rasgaram sua camisa, que já havia sido arruinada pela faca do inspetor escolar, e fizeram um torniquete em seu braço. Ela o fez, o aroma doce. O carro seguia no escuro. Um modelo automático e incapaz de saber o que carregava. Havia sido enganado e levava justamente aquilo que devia caçar: jovens que queriam apenas se divertir.
- Você é uma rosa?
Perguntou grogue ao aroma.
- Não somos todas?
E o aroma lhe beijou a face e se aconchegou junto dele, enquanto seguiam pelo escuro.

O hino brasileiro começou a soar lá fora, as pessoas se levantam, assustadas. Mas é só o toque de amanhecer. Não são muitos os que ainda estão lá. Restos de festa entre uma ruína da cidade, cansados demais de tanta felicidade. Os que conseguem, ajudam os que ainda estão dormindo a se levantarem para saírem para seus locais de transporte para o trabalho. Alcione fica para trás. Não há lugar na luz que lhe deseje bem, não aí, não na cidade patrulhada. Sai com os últimos membros da festa, por entre as plantas do denso manguezal para a barca que vai levar eles para fora da cidade. E sem perder tempo, ainda no barco, alguém lhe empurra um console e Alcione começa a semana de trabalho com pé-direito, esmagando com a sola de sapato os sensores logo após se guardar os seus registros, preparando as pessoas que sofreram cirurgias nessa noite, para que possam também ser livre no futuro.

Encontram Patrícia no início da manhã. Eles sorriem e se abraçam. Ela não conhece nenhum dos seus irmãos e irmãs e isso não importa. Ela conhece seus corações. Não é a primeira vez que monta em um cavalo e oferece uma maçã ao animal que se mostra dócil. Eles cavalgam por algumas horas e chegam a um acampamento camuflado. Lhe convidam para comer e lhe dão uma lista de tarefas para que ela escolha o que quer fazer. Todos a acolhem bem e ela descansa boa parte do dia. No começo da noite, soltam balões com pequenos aparelhos amarrados a eles. Ela conta quase cem deles.

O instinto de Pietro é pular da cama e correr para o chuveiro, evitando se atrasar para a aula. A dor da vara batendo em suas mãos e em suas costas, parece ter inscrito o impulso em seu córtex. Mas ao se mover, sente a dor e ouve o seu próprio grunhido.
- Calma, campeã! Vamos com calma.
O sorriso lhe recepciona do outro lado da cama. Pietro relaxa.
- Tome, beba isso e tome esses comprimidos.
Ele obedece. Ele foi treinado a vida toda para obedecer, essa parte é fácil. Difícil foi ter feito o que fez ontem. Mas não pode se permitir a duvidar de si quando não há dúvida sobre quem é. Ele sabe o que precisava fazer, apenas lamenta pelo homem que matou.
- Estou seguro aqui?
- Está sim, Pietro.
- Demora?
- O que lhe disseram?
- Que a primeira cirurgia é rápida.
- Você está anestesiado. Coloque a mão, com cuidado, no lado esquerdo da sua cabeça.
Não estava lá. Haviam mesmo tirado o sensor. Pietro sorriu, aliviado.
- O que vocês fazem com ele?
- Depende.
Disse o mesmo aroma da noite anterior. Ela ajusta o curativo do seu braço e continua:
- Aqui, nada. Mas mandamos para o interior, em que eles são levados por balões. O único efeito prático é confudir as máquinas do regime, mas... É de certa forma, engraçado.
Ela sorri e ele também.
- E as outras? Quero dizer, as outras cirurgias?
- Demoram um pouco mais e você tem de passar por outro processos. Mas vai dar tudo certo, lhe prometo. Já escolheu um nome?
- Obrigado. E sim, é Débora.

A arma estava carregada e Patrícia sentia um enorme desconforto ao segurar ela assim, apoiada em seu ombro. Ela nunca havia atirado antes em sua vida, mas foi a tarefa que escolheu.
Os balões haviam partido algumas horas atrás. Da direção para onde foram, vieram drones. Eles não possuiam armas, apenas câmeras. O regime não usava mais drones armados: no passado, foram usados contra os próprios soldados, seguidas vezes, até que se mostraram uma arma mais eficaz nas mãos dos inimigos. Os disparos de morteiros não demoraram, mas Patrícia e os outros já haviam montado nos cavalos e, na escuridão, cavalgavam para o embate. Os drones foram hackeados logo após as primeiras explosões e usado como observadores avançados para armas como essa usada por Patrícia: teleguiando o míssil em direção aos soldados. Não houve explosão precedendo o avanço da força irregular de cavalaria. Diferente dos morteiros, pulsos-eletromagnéticos, purpurina, gases não letais e New Order, atingiram o grupo a frente.
- Tell me, how do I feel! Tell me now, How do I feel!
Gritavam as bombas de som em meio aos soldados do regime. Alguns ainda mantiveram a compostura e conseguiram disparar suas armas mesmo sem visibilidade, cobertos por confete e purpurina.
Foi um massacre. Ninguém ficou ferido.

Alcione olhava para os canais de notícias que reproduziam, cada um com suas palavras, as mesmas ideias. O massacre aos inimigos do regime, o louvor aos amigos do regime. A crise energética e ecológica eram largamente ignoradas, ou quando algum desastre que não poderia ser ignorado, ocorria, culpavam gente como Alcione: aqueles que se desligaram do sistema e lutam contra ele. Alcione fazia muito pouco, sabia. Dava liberdade a pessoas que iriam permanecer escravizadas, mas não se atrevia a tomar para si a escolha de outros. Alcione e os outros a sua volta, representavam uma alternativa. A violência e o medo eram as armas do regime. Estas, deviam ser derrotadas com o uso da esperança e do humor. E pensando nisso, Alcione colocou em curso um ataque planejado meses a fio, que alterava em tempo real, as notícias. Não hackearam a Central de Informações, mas substituiram o sinal com outro sobreposto, quase idêntico, modificando apenas elementos pontuais. Mito III, o ditador, teve seu nome substituído por: O Ridículo. Eles esperavam que, por algumas semanas, os sistemas de comunicação fossem interrompidos. Afinal, a interferência tinha um caráter rizomático, e cada caixa de interferência tinha de ser retirada fisicamente - podendo ser também rapidamente substituída. E podia ser que todo o esforço não adiantasse de muito: mas valia a piada.

Débora descobriu que, como ela, todas as garotas que estavam lá também tinham passado pela mesma coisa. Quando a República Democrática Laica do Brasil se tornou o novo nome oficial do país, não demorou muito para que as cirurgias e até a ideia de mudança de sexo, fossem consideradas ilegais.
- Está pensativa hoje, não é?
Eileen nunca estava distante. Ela era responsável por administrar parte do centro cirurgico clandestino. Um de muitos, Débora ouviu dizer. Claro, nem todos envolviam mudança de sexo. Alguns, e esses eram os mais frágeis, eram as clínicas de aborto. Débora, agora trabalhando com a atradução de cartas e documentos do grupo, sabia que haviam também pelo menos algumas maternidades, onde pessoas podiam nascer fora do regime. Ela chorou quando descobriu isso.
- Sim, sempre.
Ela não conseguia se conter e agora sempre sorria quando via Eileen. Aqui foram, não haviam barreiras para seu amor.
- Tudo certo para o próximo carregamento?
- Sim, sim. Acabei de confirmar as datas, horários e coordenadas.
- Você quer ir dessa vez?
- Sim, sim, quero muito, claro!
- Tá. Então temos de ver o maiô que caiba em você.

- Olá.
- Oi.
O nome dele era Estevão. Patrícia tinha nocauteado ele semanas atrás e, assim como os outros que ela tirou de combate, ficou sob sua responsabilidade. Estevão havia escolhido ficar com eles quando lhe foi dada a opção. Não foi o único que ficou, mas era dele de quem Patrícia gostava mais.
- Como você está, Estevão? Tem gostado daqui?
- Tenho, tenho sim. Você sabe disso.
- O que é isso que você está fazendo?
- Com o fuzil?
- Sim, sim, com a arma.
- Estou fazendo algo errado? Achei que você tinha pedido voluntários para transformar os fuzis em ferramentas.
- Não, não. Calma! Só foi uma pergunta. Então, o que você está fazendo?
Patrícia sorri, sentando ao lado de Estevão. O novo acampamento fica ao lado de um açude, dentro de uma propriedade particular. Os batedores recolheram o equipamento dos morcegos semanas atrás e concluíram que o latifúndio é tão grande, que essa parte quase nunca é visitada. ELes informaram ao grupo e levaram os minúsculos radares para colocarem em animais das próximas regiões para onde eles planejavam ir. Patrícia gostava dali, O vento fresco que sibilava por entre as árvores, a forma como a lua batia na água e iluminava o acampamento que utilizava um sistema de superfíces refletoras para iluminar os pontos de trabalho a noite.
Enquanto ela pensava essas coisas, ele produzia sua resposta:
- Estou transformando uma arma, em uma ferramenta.
- Você está transformando algo. Tudo aqui acaba transformado em alguma outra coisa.
- É, eu notei isso.
- Um dia, eu vou sair desse grupo para eu mesma, me transformar.
- Como assim?
- Eu nunca me senti feliz com esse corpo, Estevão. Desde que me entendo por gente.
- Entendo.
Eles ficaram em silêncio por um bom tempo. A arma, desmontada, ficava cada vez mais solitária e fria, enquanto a atenção deles se voltava para o açude e as estrelas.
- Eu posso ir com você?
Patrícia respirou fundo para quebrar o medo, antes de perguntar:
- Você quer mesmo?
- Eu quero estar onde você estiver.
Eles se beijaram pela primeira vez e terminaram, juntos o trabalho daquela noite.

A chuva parecia explodir sobre o prédio. Alcione terminou de montar a rede inibidora e estava indo ajudar o pessoal do som quando ouviu o hino nacional. Balas passaram raspando, poucos centímetros de seu corpo. Todos sabiam: se não fossem mortos, seriam torturados. O regime não era dado a sutilezas, não haveria voz de prisão, ninguém teria advogados. A Lei de Terrorismo garantia ao exército exercer sua força, ignorando qualquer garantia legal. Em efeito, elas não existiam a partir do momento em que alguém se colocasse contra o regime. Alcione, mergulhou na lama e tentava nadar para longe, mas ouviu, da Avenida Boa Viagem, o hino. "Eles acionaram a guarda-costeira!", pensou.
Mudou de estratégia. Se fosse adiante, seria vítima do cerco. Agarrou os braços de Mel e Luka, que tentavam fugir na mesma direção. Houve um pouco de confusão e perceberam para onde ir. Voltaram, sob cobertura da chuva, de volta ao local onde estavam preparando a festa.
Os soldados ainda estavam lá. O local, agora iluminado por holofotes, seria difícil de ser alcançado. Alcione gesticulou em direção a Mel e Luka. Conversaram em Libras, protegendo-se da luz com o uso de escombros de um prédio, parte da decoração local depois dos tsunamis que o governo negou terem ocorrido. Ironicamente, boa parte dos prédios iriam ser destruídos para fazerem prédios ainda maiores, e que, teoricamente, poderiam sobreviver ao avanço do mar...
Combinaram de chamar a atenção deles para partes diferentes do mangue e das ruínas. Os barcos da guarda costeira não tinham como chegar até esse ponto da Domingos Ferreira. Alcione queria fazer duas coisas: pegar seu celular com os dados das pessoas que operaram na última festa, impedindo que fossem capturadas e torturadas, e tentar salvar os integrantes dessa célula de resistência que ainda não tinham sido mortos ainda.
Mergulhou, tateando pela parede da ruína, até achar umas das entradas que usaram para colocar equipamentos. Iriam fazer a em um prédio abandonado e bombearam ar para salas que não eram facilmente acessíveis. Contava com a dificuldade dos agentes do regime em pensarem de maneira não-linear. Eles deviam imaginar que a festa seria ao ar livre, por baixo das lonas que utilizaram para proteger equipamento mais sensível, antes de transportá-lo para dentro do prédio. A célula de Alcione era nômade, carregando tudo consigo.
Ao chegar em um dos salões, viu seu computador. Ainda estava seguro. Podia deletar os dados dos operados que tiveram seus sensores substituídos, mas isso só atrasaria os sistemas de rastreio que mantinham os cidadões sobre vigilância boa parte do tempo. Precisava fugir dali com esses dados. Não ouviu tiros do lado de fora e esperou que Mel e Luka estivessem bem. ELe não sabia se seu plano ia funcionar, mas tinha que tentar enquanto ainda tinha tempo e ligou a música.
- Every time I think of you. I get a shot right through into a bolt of blue
O som fez ribombar o prédio. Alcione esperou terminar a primeira estrofe e eletrificou a enorme malha metálica que cobria a superfície. Iria queimar tudo, duraria poucos segundos, mas esperava que fosse o suficiente.
Ouviu gritos e disparos de armas. Pegou seu computador e indo pelo corredores do prédio, chegou rapidamente ao topo e viu o caos de soldados do chão e lutando sobre os membros da célula que ainda estavam vivos. Mel havia morrido, pode ver, mas cairia de joelhos e rezaria depois. O importante era agir enquanto não chegavam reforços. Seu punho quase quebrou batendo no capacete de um dos soldados que lutava com Luka pela sua arma. Ouviu mais tiros e sabia que a batalha ainda estava perdida.
- Temos de fugir! Vamos!
Luka gritava sob a torrente. Alcione não conseguia se decidir. Uma bala decidiu por si. Em um momento, olhava para a Luka e a lua azul que teimava em surgir por detrás das nuvens negras. No outro segundo, enquando seu corpo caia, viu os braços do soldado, apontando de novo o rifle e disparando. E não viu mais nada.

Débora, Eileen e mais duas companheiras testemunhavam a mesma lua. Estavam alertas: ouviram o hino sendo tocado pela guarda costeira, mas perceberam que os barcos estavam distantes do ponto de encontro. O maiô incomodava Débora um pouco, nunca havia vestido um traje assim, e o mar, furioso, também era uma experiência nova, mas como os outros alunos em sua escola, havia sido obrigada a aprender a nadar e bem. O regime criava antes de tudo, soldados e trabalhadores braçais, e a força física era o atributo masculino mais fomentado nas novas cepas. Débora, por mais assustada que estivesse, sabia que estaria segura se não tentasse nadar em direção ao mar.
- Ainda demoram?
Perguntou Débora, cuidadosa em não beber a água do mar.
- Não. E não acredito que se atrasem por causa do mar. Eles devem ter planejado esse horários de acordo com a previsão do tempo.
Eileen, como sempre, usava vermelho. Ela se apoiava em um trenó aquático e carregava uma bolsa que seria levada pelo nosso contato. Maria e Sara se apoiavam do outro lado da bóia. Sara, dentre elas, era a única que andava armada.
- Olhe! Golfinhos!
Gritou Déborah. As outras sorriram.
- Sim, são nossos contatos.
Disse Eileen, nadando em direção a eles. Os golfinhos pareciam animados e claramente foram modificados, com buracos para plugs em suas cabeças.
Presos a eles haviam caixas pretas que Eileen e as outras carregavam para o trenó, que Débora tentava manter estabilizado junto ao prédio.
- Para onde eles vão agora?
Débora perguntou quando entregaram a bolsa aos golfinhos.
- Acredito que para um submarino.
- E quem manda esses suprimentos?
- Quem não manda? Existem várias ONGs ao redor do mundo que dão apoio ao Brasil e mais especificamente, a grupos como nós.
Ouviram tiros e música, muito, muito alta.
- Isso foi perto daqui, Eileen.
- Eu percebi, Sara, mas o que você sugere? Não podemos arriscar os suprimentos.
- Esperem aqui. Volto logo.
- Não! Não vou deixar você ir sozinha. Débora, fique aqui com o trenó. Vamos, meninas!
As três nadaram em direção aos disparos. Nervosa, Débora esperou ansiosa. Ouviu mais tiros. Queria ir com as outras, mas não tinha como largar o trenó nesse tempo. Ouviu novamente o hino nacional e ficou com medo. O que ela faria se os barcos viessem em sua direção? Não poderia abandonar as outras.
Enfim, ela viu as outras voltando. Mas onde estava Eileen? Elas traziam mais gente, mas não viu Eileen, seu maiô vermelho.
- Eileen! Eileen!
Sara e Maria a olharam com tristeza. Cada uma trazia mais uma pessoa. O hino nacional tocava mais alto, mais próximo.
- Onde está Eileen?! Eileen!
- Pare de gritar!
Gritou de volta maria.
- Pare de gritar, Débora. Me ajuda a colocar esse pessoal amarrado no trenó. Temos de ir.
- Não vou a canto nenhum sem saber onde está Eileen!
- Ela morreu, porra! Morreu! Vamos!
- Não!!
Antes que as outras meninas pudessem fazer algo, Débora nadou na direção de onde vieram.

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